Desde pequeno ganho apelidos dos parentes por causa de meus olhos rasgados, puxados, que me doam um ar de sonolência e até, talvez, complacência.
Incrível que com eles enxergo tudo e capturo o mais profundo daquilo que vejo.
E em instantes, quero ser o dono e senhor de tudo que possa caber dentro de minha íris.
Tamanha ambição de minha alma que me percebo cansado, de tanto sonhar acordado, de fazer planos de como ser dono e senhor.
Se alguém percebesse o que se encuba dentro dos olhos rasgados, ficaria atordoado com o silencio com que as duas gêmeas varrem tudo que fitam.
E quando chegar à hora, todos desejarão, que ao menos uma vez, aqueles olhos tivessem sido vendados.