terça-feira, 24 de agosto de 2010

Aquele abraço

Se meu abraço te aconchega, o teu cheiro me desloca.
De uma maneira perdida, eu vou. Me perco. Me esqueço.
E vou pra longe de ti.
O abraço não diz nada. O corpo se cala. Submete-se.
Ao teu cheiro, o meu abraço.
Entrelaçados, distante estamos.
Por mais que pensemos, por mais que teus olhos indiquem, é em outros braços que tu busca abraços.
E estes braços, sem aconchego, não sentem teu perfume.

domingo, 22 de agosto de 2010

Por uma noite

Depois daquela noite, nenhum outro alguém tem graça.
Depois daquela noite, nenhuma vida inteira com alguém terá a mesma graça.
Ninguém terá as tuas marcas nas costas, nem se eu as desenhasse com meus dedos, ainda assim, não terá o gosto da tua pele.
E quando um alguém aparecer e me fixar o seu olhar, vou perceber que nunca terá o mesmo verde que o teu.
Inevitavelmente, depois daquela noite, eu não tenho mais graça.

Enfim, alvorada.

Aqui os galos persistem.
Mas em alguma alvorada me fiz longe de ti.
Não percebi se,após esta noite, tu te fez longe de mim. Ou me fiz.
Posso ainda sentir o macio do teu lábio.
E meu medo é disto ser apenas uma imaginação do que eu quisera que tivesse acontecido, ou se de fato está em minha lembrança. Na lembrança de ti, um dia, amanhecido em mim.