quarta-feira, 28 de julho de 2010

Aqueles Olhos

Desde pequeno ganho apelidos dos parentes por causa de meus olhos rasgados, puxados, que me doam um ar de sonolência e até, talvez, complacência.

Incrível que com eles enxergo tudo e capturo o mais profundo daquilo que vejo.

E em instantes, quero ser o dono e senhor de tudo que possa caber dentro de minha íris.

Tamanha ambição de minha alma que me percebo cansado, de tanto sonhar acordado, de fazer planos de como ser dono e senhor.

Se alguém percebesse o que se encuba dentro dos olhos rasgados, ficaria atordoado com o silencio com que as duas gêmeas varrem tudo que fitam.

E quando chegar à hora, todos desejarão, que ao menos uma vez, aqueles olhos tivessem sido vendados.

terça-feira, 27 de julho de 2010

A Bacante


Na companhia de amigos se aprende muito, vale lembrar que erros são aprendizagem. Não podendo ser diferente, com uma amiga muito especial comecei a tornar mais frequente, se é que faço entender, meu gosto por vinho. Esta bela mulher de olhos expressivos me ensinou a ter um apreço pelo vinho Malbec, em especial, por se tratar de seu preferido. O prazer nunca esteve neste vinho e sim, na forma como ela toma a taça, degusta seu Malbec, traga seu Carlton Red e passa a mão em seu cabelo. Depois olha com aquele olhar e ainda diz: "Prova".
Nunca me atrevi a se quer pensar que o Malbec, maiúsculo pelo respeito, pudesse não ser o melhor vinho, assim como seria uma falta pensar em um paladar ao qual não se apetecesse.
Esta mulher em tudo é Malbec, se faz Malbec. De alma encorpada. De uma graça cor púrpura.
E quando do abraço, mantém o forte do tabaco. Escondido na dobra de seu pescoço, não penso em nada, só sinto tudo, e Carpe diem. E quando me olha, ela pensa em tudo, e Carpe Vinum.